segunda-feira, 31 de maio de 2010

Crítica - Sade em Sodoma

Sade em Sodoma é uma daquelas montagens em que a intenção é muito boa, mas o resultado não corresponde ao intento. Adaptado de uma releitura de Flávio Braga de os 120 Dias de Sodoma, o texto ganhou montagem de Ivan Sugahara, que ao que parece buscou a atenção da platéia única e exclusivamente para o texto. Nada de cenas fortes, nada de orgia. O que se vê é uma comilança desenfreada regada de um texto as vezes cuspido pelos dois protagonistas Mathieu (Tárik Puggina) e Madame Duclos (Guta Stresser). A encenação é simples sem grande movimentação (a não ser alguns "passos" de Tango.) e tudo como citei anteriormente se concentra no texto. A direção utiliza a platéia como um Sade, que não entendo porquê, é obrigado a ouvir as próprias histórias de escatologia e orgias burguesas que escreveu. Os outros dois atores do elenco, que como o próprio programa friza, servem de apoio aos protagonistas, se entregam, se doam, se engalfinham e transferem cenários de um lado para o outro de forma previsível, na tentativa em vão de conseguirem levar seus papéis.
O que se destaca com louvor é a equipe técnica do espetáculo que conseguiram um acerto muito grande em suas funções: Nelo Marrese (Cenografia), Paulo César Medeiros (Iluminação) e Patrícia Muniz (Figurinos).
Os Constantes BOs, alguns muito demorados dão a tônica de uma montagem arcaica e decepcionante de uma temática que já foi e ainda pode ser muito bem explorada.