quinta-feira, 16 de julho de 2009

Crítica - O Especulador

Um dos maiores autores de todos os tempos, Balzac escreveu 90 romances, que constituem A Comédia Humana, mas apenas um texto teatral, "Le faiseur", traduzido e adaptado por João Bethencourt, ora em cartaz no Teatro Sesi com o título "O especulador". Contando com direção de José Henrique, a peça chega à cena com elenco formado por Élcio Romar (Augusto Mercadet), Nedira Campos (Alice Mercadet), Brunella Provvidente (Julia Mercadet), Vinicius Brambilla (Minard), Mouhamed Harfouch (De La Brive), Bruno Ganen (Goulart), Marcio Ricciardi (Méricourt), Sérgio Fonta (Verdelin), Pietro Mário (Brédif), Ricardo Leite Lopes (Violette), Vitória Furtado (Teresa), Luciano Borges (Justino) e Rubens Araújo (Berchut).Ambientada em Paris, em 1839, a peça gira em torno de dois temas: as imensas dívidas do especulador Augusto Mercadet e seus desesperados esforços - jamais éticos - de quitá-las, e que vão desde a tentativa de casar a filha com um homem de posses até as mais desvairadas artimanhas para enganar credores e conseguir fundos. No entanto, mais do que apenas centrar sua trama no caso específico de um homem, na verdade Balzac faz uma divertida e feroz crítica aos valores burgueses, atacando com o mesmo furor dois de seus maiores predicados: a ganância e a hipocrisia. O numeroso elenco não tem grande destaqe indivudual e deixa uma sensação de que poderia ter explorado muito melhor as boas e divertidas marcas impostas pelo diretor. Alguns atores inclusive passam despercebidos em cena. Na equipe técnica, o acerto é geral - cenografia de José Henrique, figurinos de Lola Tolentino e iluminação de Rogério Wiltgen. Em suma a peça carece de um elenco mais afinado. É certo de que se poderia ter alcançado um melhor resultado.

Crítica - As Noivas de Nelson

A peça reúne 5 contos de A vida como ela é, coluna que Nelson manteve no jornal carioca Última Hora ao longo dos anos 50: Excesso de trabalho, Delicado, O sacrilégio, O pastelzinho e Feia demais. Todos envolvem as ideias de casamento e morte, refletidas nos fúnebres figurinos e cenário de Juliana Fernandes e na maquiagem de Edivaldo Zanotti, com todo o elenco caracterizado como defunto. Os dez atores se revezam entre dezenas de personagens, saindo-se, em geral, muito bem, tanto nos papéis importantes quanto nos que são meras figurações. Mesmo quando os atores encarnam “personagens” sem fala e com cerca de apenas um minuto em cena.
O ritmo do espetáculo, como um todo, é vertiginoso, mas a plateia nunca fica cansada. Braz, o diretor, soube explorar o que cada ator tem de melhor em potencial, alternando momentos em que todos se destacam ao mesmo tempo, com brilhos individuais em determinados momentos.
As Noivas de Nelson, da Cia. Paulista de Artes é um espetáculo engraçado e muito interessante, que vale a pena ser assitido por uma platéia atenta e que procure não perder nenhum momento.