segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Crítica - Devassa

Mais um grande espetáculo da Cia. dos Atores. Devassa investe na desconstrução de um texto original - Lulu, de Franz Wedenkind - para uma reconstrução que vai além dos limites do palco. Aliás quando o espetáculo começa os atores já estão em cena.
A mão da diretora é vista em cena durante todo o tempo, inclusive em conjunto com os atores que se encarregaram de entrar profundamente no universo do texto original antes de dissecá-lo.
No espetáculo uma Lulu que foje durante todo o tempo e quando parece que está sendo dominada dá uma reviravolta e escapa novamente, das mãos de quem a tenta controlar.
Manequins com braços e partes do corpo cortados, parte fundamental no cenário de Aurora dos Campos evidencia o objetivo do que os outros personagens querem fazer com Lulu, uma tentativa sempre frustrada pela escapada da mesma. A Luz de Maneco Quinderé que sugere o efeito de neóns, pelo fliperama e pelo piso é sempre mais intensa na personagem Lulu, realçando a luz forte e reluzente contida no interior da personagem e os figurinos de Marcelo Olinto, que trabalha em tons escuros para os demais personagens e muito coloridos para o figurino de Lulu.
Mas o espetacular em devassa reside no trabalho dos atores. Uma sintonia perfeita, onde Marcelo Olinto chama a atenção pelas transições principalmente no momento do riso descontrolado. César Augusto trabalha uma voz forte e cortante. Marina Vianna tem presença marcante. Pedro Brício muito vigor cênico. Alexandre Akerman tangencia pelo humor refinado. Sem falar na maravilhosa Bel Garcia, sensacional no descontrole e obsessão de sua personagem por Lulu.

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