sexta-feira, 11 de junho de 2010

Crítica - Antígona


Antígona, de Sófocles é uma das tragédias mais lidas e montadas em todo o mundo. Lealdade, amor e política são alguns dos principais temas abordados neste clássico da literatura mundial.
Na montagem do Grupo Cortejo, que é formado por ex-alunos da UNIRIO, em cartaz na Casa da Glória, Edson Zille e Rafaela Wrigg responsáveis pela adaptação do texto, apostam na modernidade traçando um paralelo estético entre as culturas grega e africana. A veneração aos deuses e os sacrifícios feitos em nome deles, são encenados ao som de uma voz coral, que interpreta canções que têm como base os ritmos africanos, com músicos em cena que conduzem todo o espetáculo.
Edson Zille que também assina a direção, optou por um espaço alternativo e intimista, colocando a platéia como parte da trama, sendo testemunha privilegiada dos fatos. A encenação começa ao ar livre em tom de celebração e é onde tem seu momento mais interessante com ritual cênico bem pensado, belíssimo plasticamente e de proposital preparação para as cenas subsequentes no salão. A sequência do espetáculo na parte interna do espaço já não consegue o mesmo êxito. O que se vê são marcações obvias e previsíveis e trocas de roupas demasiadas em cena, para os atores sairem e entrarem nas personagens, tornando as cenas bastante cansativas. Zille peca também em não buscar uma unidade na forma da interpretação do texto pelo elenco. Alguns atores optam por falar o texto de forma coloquial, já outros falam de forma extremamente clássica e impostada, fazendo com que os personagens pareçam não viverem uma mesma época. O elenco deixa transparecer também, uma certa insegurança no texto, com vários erros no mesmo e problemas na dicção.
O cenário de Nello Marreze é funcional. Os figurinos de rafaela Wrigg são confusos e não se definem nem pelo clássico, nem pelo conteporâneo. O grande acerto na ficha técnica cabe a excelente direção musical de Carlos Rufino, Gustavo Pereira e Felipe Antello.
Mesmo com os problemas citados é louvável a entrega e esforço de todo o elenco se doando ao máximo na tentativa de realização do espetáculo da melhor maneira que podem no momento.

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