quarta-feira, 2 de junho de 2010

Crítica - Babel de Messalinas

O maior expoente do Teatro Épico, Bertold Brecht, com certeza ficaria feliz ao ver o espetáculo Babel de Messalinas, da Cia. Teatro da Estrutura, afinal o diretor Márcio Zatta utiliza as técnicas brechtinianas na peça com muita habilidade e segurança. O que se vê nas cenas - de excelente desenho cênico - de Babel de Messalinas é praticamente o emprego de tudo o que é abordado dentro do Teatro Épico: Distanciamento da personagem; o ator como crítico das cenas; estranhamento; exposição do urdimento mostrando os bastidores e a busca da reflexão da platéia sobre temas sociais de relevância para a sociedade.
O Texto, que também é escrito por Zatta, narra a história de cinco prostitutas, Jesebel (Helen Maltasch), Maria Madalena (Cíntia Travassos), Ana Calderon (Amélia Cristina), Divine Brown (Agatha Duarte) e Satine (Jeane Dantas), que discutem, através de uma visão muito interessante, sobre a luxúria, morte, violência contra a mulher, o incansável sonho do homem de se igualar aos pássaros e a banalização do amor. Estes temas são lançados para a platéia, hora de forma irônica, hora de forma cômica e hora de forma seca, dura e massacrante, conduzindo sempre o público à realidade.
O elenco, muito coeso, com uma preparação corporal impressionante, permanece no palco durante todo o tempo e consegue grande desempenho de suas personagens, utilizando variações de voz, diferenciando os momentos em que estão em cena como personagens, dos que estão em cena como atrizes.
A iluminação de Diego Sant'ana é bem desenhada, criteriosa e marca de forma eficaz a independência das cenas.
Márcio Zatta assina também uma trilha sonora que segue dentro dos padrões épicos e um figurino que evidencia bem os dois lados que todo ser humano possui: O das aparências e o real.
Babel de Messalinas é uma ótima opção para quem quer assistir um espetáculo inteligente e que faz pensar.

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