terça-feira, 28 de abril de 2009
Crítica - Farsa da boa preguiça
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Crítica - Play
Inspirada no filme "Sexo, mentiras e videotape", de Steven Soderbergh, a peça "Play" tem direção de Ivan Sugahara,que cada vez mais aproxima seu teatro com bases e bebendo na fonte do cinema. O texto é assinado por Rodrigo Nogueira, que também atua no espetáculo ao lado de Maria Maya, Jonas Gadelha e Daniela Galli. O cenário e os figurinos, bem simples dando idéia de um despojamento intencionado, são de Rui Cortez. A luz de Renato Machado é correta e propõe claramente a rotina do dia a dia das personagens. Maria Maia e Rodigo Nogueira exageram um pouco e passam do ponto na interpretação, enquanto Jonas Gadelha e Daniela Galli estão mais contidos e aproveitam bem as buances das personagens.
No palco, Ana (Daniela Galli), Cíntia (Maria Maya) e João (Rodrigo Nogueira) reproduzem o triângulo amoroso retratado no filme. João é casado com a reprimida Ana, mas trai a mulher com a sensual cunhada Cíntia. É quando chega Jonas (Jonas Gadelha), o amigo de João que vai desestabilizar as relações. Se no filme de Soderbergh ele era um homem que gravava mulheres por não conseguir mais manter relações sexuais "ao vivo", em "Play", Jonas grava mulheres por ser um artista que está fazendo um projeto. Um projeto que se confunde com a realidade de cada um dos personagens.
Em cena, cinco vídeos são exibidos num telão: duas atrizes desconhecidas, uma mulher anônima e as personagens Ana e Cíntia relatam momentos de intimidade que tiveram em suas vidas. A constante variação entre verdade e mentira cria um jogo instigante entre palco e plateia, em uma brincadeira na qual todos são jogadores - inclusive quem assiste.
O espetáculo faz uma alternância entre cenas curtas e outras longas demais e se ressente de uma maior consistência de estrutura cênica, já que em alguns momentos muito interessantes se perdem num todo, com algumas cenais banais, que poderiam ser exploradas de uma forma bem mais interessante.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Crítica - Sobre o Suicídio
Como no texto de Marx, o espetáculo aborda quatro casos reais de suicídio: a mulher tratada como propriedade do marido, a suposta perda de virgindade antes de casamento, o aborto e o desemprego.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Crítica - Alzira Power
A pesar das limitações do espaço, a direção o utiliza bem com uma boa disposição cênica. O cenário de Teça Fichinski cria todo um apartamento em perfeita sintonia com a vida e o temperamento da protagonista, e os figurinos, também seus, completam a unidade do todo. É boa a iluminação de Paulo David Gusmão, e muito boa a trilha de Caíque Botkay
A direção de Gustavo Paso é orientada pelo tom de Bivar (autor do texto) e explora bem a luta pelo poder entre Alzira e Ernesto, tudo sempre em uma calculada dimensão acima do real, de modo a aproveitar bem o que o texto lhe oferece.
Cristina Pereira explora bem os delírios ressentidos de "Alzira" com suas repentinas mudanças de tom e ritmo, que em última análise deixam claro que tudo o que faz ainda é pouco para expressar o ressentimento de toda uma vida de obediência e opressão; e Sidney Sampaio, da o tom certo para seu personagem, não servindo apenas de escada para Alzira.
Crítica - A Mais Forte, Estruturada
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Crítica - O Filho da Mãe
Crítica - Espia uma mulher que se mata
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Crítica - Clandestinos
Todos os atores representam personagens que vão à metrópole, no caso ao Rio de Janeiro, com a vontade se tornar ator/atriz. Eles cantam, dançam, fazem de tudo para conseguir chamar nossa atenção. Muitas piadas são baseadas no senso comum e alguns chavões se repetem. Apesar da previsibilidade dos personagens a atuação da maioria conseguia divertir e em alguns momentos éramos pegos de surpresa com um número musical bem articulado.
A proposta da peça para além da história me parece ser o ponto forte da discussão acerca de Clandestinos. A maneira como a realidade e a ficção se misturam causa em nós uma curiosidade, nos questionamos se de fato aquela é mesmo a história daqueles atores, ou então se seria mais um personagem em suas vidas. Ao nos acostumarmos com as estrelas de Hollywood e os famosos da televisão, que acabam fazendo o papel de si mesmos, nós também não conseguimos fugir dessa vontade de saber do universo íntimo do ator.
Crítica - Don Juan
terça-feira, 14 de abril de 2009
Crítica - O Santo e a Porca
Crítica - Toc Toc
Uma sala de espera de um médico especialista em Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) se apresenta, é claro, como ideal para uma comédia. Ao francês Laurent Baffie (com tradução de Alexandre Reinecke) obviamente ocorreu que se tratava de uma situação ideal, e na verdade sua escolha de obsessões e o encontro de seis "pacientes" é até bem-sucedido,dentro de seus limites.
O resultado do encontro tem momentos razoavelmente divertidos, mas como o autor não quis que sua comédia tivesse algum ponto de vista crítico que justificasse o encontro,"Toc Toc" acaba ficando reduzida a uma espécie de anedota, um tanto repetitiva e em muitos momentos cansativa.O Tema em questão se esgota muito rapidamente, a pesar que é importante ressaltar que o público ri muito.
O cenário de Márcia Moon, composto por cortinas de venezianas, deixa claro o objetivo de facilidade de transporte para viagem, e os figurinos de Carolina Badra são bastante individualizados. O diretor que também é o tradutor do texto busca o exagero pelo medo de deixar cair a peteca, e com isso o ritmo fica sempre rápido, e o clima, tenso. Talvez por saber que sem recursos cênicos, só possa contar com os atores.
Márcia Cabrita, Marat Descartes, Ângela Barros, Flavia Garrafa, Riba Carlovich e Sergio Guizé dão todos conta de seus casos de toc.
"Toc toc" é uma comédia sem maiores pretensões e de certa forma agrada o público.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Crítica - O Estrangeiro
A peça conta a história de Meursault, um homem totalmente dominado pelo vazio. Ele recebe a notícia da morte da mãe, comete um crime gratuitamente, é preso, julgado e condenado a morte. Em todas as circunstâncias, age da mesma maneira: indiferente. Para ele, "tanto faz". Todos os atos e circunstâncias se devem ao acaso. Nada mais.
Durante o velório da mãe, se comporta de forma reprovada por todos os presentes. Não se mostra abalado pela morte, apenas uma sensação de querer estar longe daquele lugar. No outro dia, vai ao cinema com uma moça que trabalhava em seu escritório em Paris. Dormiram juntos. Dias depois, resolveu passear pela praia, onde matou sem motivos um árabe – desafeto de um dos seus companheiros. Meursault apontou o revólver, puxou o gatilho e, ao ver o corpo estendido no chão, ainda deu mais três tiros. Ao ser levado a júri, simplesmente não conseguiu justificar por que atirou no árabe. Disse apenas que foi "porque fazia calor".
O absurdo não se aplica apenas ao personagem principal. O julgamento acaba virando um "circo". O árabe é simplesmente esquecido. Todos se preocupam com o fato do Meursault não ter chorado no enterro da mãe. "Em nossa sociedade, qualquer homem que não chore no funeral de sua mãe, corre o risco de ser sentenciado à morte", disse. É basicamente com esse pensamento que o personagem tenta manipular a opinião do público. Afinal, como pode um homem não se emocionar no funeral da mãe? Como pode ir ao cinema logo após deixar o enterro da mãe?
Em seus últimos momentos na prisão, o personagem é procurado por um padre para confessar-se e arrepender-se dos pecados. Ele nega Cristo e termina por agredir o sacerdote. Nesse momento, embora niilista, mostra ter sentimentos, parece despertar da espécie de inércia moral que se encontrava mergulhado até então. Extremista, sente ódio pela presença do padre. Sente alegria por agredi-lo.
Todo o processo da obra acontece em Marengo, a 80 quilômetros de Argel. Meursault é estrangeiro para a sociedade em que vive. É estrangeiro em si mesmo. Procura a todo momento uma justificativa de sua existência e não a encontra em lugar algum, em pessoa alguma. É insensível. Apenas vive.
Guilherme Leme está soberano. A narrativa envolve o público do início ao fim da peça. O espetáculo é visceral e mostra de forma seca e direta para onde caminha a humanidade. Mostra o quanto somos indiferentes e temos todos atitudes de estrangeiros.
Crítica - A Cabra ou quem é Sylvia?
Crítica - Essa é a Nossa Canção
Crítica - Hamlet
O "Hamlet" de Aderbal Freire-Filho não traz nada de novo, é um espetáculo tradicional.Isso não seria nenhum problema e sim uma opção, mas talvez na tentativa de fugir um pouco deste tradicionalismo exacerbado, comete um erro crucial para o andamento da peça: O corte radical de todo o lado político da peça, que rouba a Hamlet a oportunidade de dar seu voto a Fortimbrás, parte do desejo do príncipe de repor o reino nos eixos, pelo que, afinal, ele deu sua vida. Outro erro é que a loucura de Hamlet é claramente identificada pelo autor, pois, quando "louco", Hamlet fala em prosa, e, quando está em sua condição normal, em verso. É possível que a confusão tenha nascido da opção feita pelos tradutores de só usar prosa. O resultado disso é que o príncipe assume o comportamento de "loucura" na peça inteira, perdendo toda a serenidade e reflexão que prejudica muito a interpretação do protagonista da obra.
O cenário de Fernando Mello da Costa e Rostand de Albuquerque é interessante, sugerindo cena e bastidores, com uma imensa tela onde vários momentos da ação são projetados, mas não consegue contribuir em nada para a compreensão do texto.
Os figurinos de Marcelo Pies são fraquíssimos. É boa a luz de Maneco Quinderé e perspicaz a música de Rodrigo Amarante.
A direção de Aderbal é bastante confusa, sem um foco definido, parecendo deixar o elenco fazer o que quisesse. O texto é pouco explorado, com os atores gritando tanto sem alcançar qualquer intenção ou sutileza.
O protagonista Wagner Moura, já rouco no final, apesar dos pesares, demonstra disposição de que poderia ter feito um Hamlet melhor e mais bem construído. O resto do elenco fica todo muito abaixo dele: o rei de Tonico Pereira é um bufão cafajeste, enquanto Gillray Coutinho faz um Polônio caricato e ridícul. Candido Damm, Fábio Lago, Felipe Koury, Marcelo Flores e Mateus Solano, fazem o Fantasma ao mesmo tempo, tirando toda a tensão do encontro de Hamlet com o pai. Carla Ribas (Gertrude) e Georgiana Góes (Ofélia) são fraquíssimas e indignas de nota por .
No geral, esse Hamlet tem pouquíssimos momentos interessantes e se perde em todos os aspectos, principalmente no que diz respeito aos valores impostos na obra.
domingo, 12 de abril de 2009
Crítica - In on It
Não adianta, é fato, o melhor teatro é feito de texto+ator, tratando da condição humana. "In on it" ("Por dentro"), texto do canadense Daniel Macivor cria seus próprios caminhos, a fim de compor um todo, que oferece ao público uma excepcional experiência estética, emocional e intelectual. A ambiguidade da palavra play - peça, jogo, interpretar, brincar - é exemplarmente explorada por dois elementos, "Este Aqui" e "Aquele Ali", que atuam, entram e saem do jogo cênico, com perfeita e lógica fluência. O tema é simplesmente a vivência humana, a interrelação de um pequeno grupo, no qual o homossexualismo não é defendido nem atacado, apenas existe como um dos componentes da complexidade geral. A tradução de Daniele Ávila muito contribui para a qualidade do espetáculo.
A encenação de "In on it" é simples, centrada em texto e ator. A cenografia de Domingos de Alcântara é austera, os figurinos de Luciana Cardoso também são tão simples quanto o texto exige. A luz de Maneco Quinderé pulsa com a ação, a trilha de Lucas Marcier é discreta, e o conjunto Valéria Campos, Mabel Tude e Márcia Rubin é responsável pela rica linguagem corporal dos atores.
A direção de Enrique Diaz é impecável: identidade física, andamento, aproximações, afastamentos, tudo está sob controle.
Do mesmo modo que a direção opta por encontrar a vida específica do texto, os dois atores que compõem o elenco apresentam a mesma conivência ao fazerem de suas interpretações partes complementares uma da outra: do mesmo modo que entram e saem da ação, ou que mudam de personagem, Fernando Eiras e Emilio de Mello são de uma cumplicidade e segurança notável.
É impossível, como resultado, avaliar ou comparar o trabalho dos dois atores. Eiras e Mello, juntos, compõem o universo desse original "In on it", tendo a mesma generosidade um para com o outro, que exibem, fartamente, em sua comunicação com a plateia.
Mais um espetáculo maravilhoso e que devia ser encarado como uma aula de concepção cênica e interpretação de atores.
Crítica - Inveja dos Anjos
Uma viagem pela vida e seus acontecimentos mais íntimos.Esta é a tônica do espetáculo "Inveja dos anjos". Um emocionante texto daqueles que ficam guardados em nossa memória durante um longo tempo e faz o público transitar pelos sentimentos dos personagens e se envolver gradativamente ao longo dos fstos e acontecimentos que se sucedem.
Maurício Arruda mendonça e Paulo de Moraes elaboraram a dramaturgia juntamente com a cenografia do mesmo Paulo e Carla Berri, caiu como uma luva para a Fundição progresso, onde a parede de tijolos envolve todo o contexto da história.
O texto fala de um grupo de personagens que vive em uma pequena localidade do interior, e viaja por toda uma gama de relacionamentos e sentimentos, de perdas permanentes ou provisórias, de chegadas e partidas, e das memórias que os une.
O lindo cenário, a estrada pela qual passam tanto o trem quanto as vidas dos que moram junto dela, é parte da trama, é personagem, é sujeito da ação, mas sem querer suprimir os atores.
Os figurinos de Rita Murtinho são de uma semsibilidade ímpar e compõem o ambiente da trama e a luz de Maneco Quinderé é visceral, funcional e orgânica.
A direção de Paulo de Moraes prima pelo detalhe, no tom exato conduz a encenação narrando de forma sensível e audaz a vida das personagens.O elenco de forma harmonica se comunica como que por osmose de quem se conhece e trabalha juntos a um longo tempo.
Mas é impossível não destacar o trabalho preciso de Patrícia Selonk, que constrói sua personagem com uma sutileza que só os grandes atores conseguem. Reconhecendo também é claro o excelente trabalho de Simone Mazzer, Thales Coutinho, marcelo Guerra, Simone Vianna, Ricardo Martins e Verônica Rocha.
"Inveja dos anjos" é mais um excelente trabalho da Armazém Companhia de Teatro.