terça-feira, 14 de abril de 2009

Crítica - O Santo e a Porca

Embora se trate de um texto muito conhecido, é possível que alguns o desconheçam. Então, reproduzimos a seguir a "sinopse" do texto, por sinal muito bem escrita pela assessora de imprensa Ana Gaio:
"A avareza doentia de Euricão vai deixá-lo pobre e solitário, como ele se dizia ser e vivia para evitar os fantasmagóricos 'ladrões' que o assediavam. Caroba, criada por Euricão para se casar com Pinhão, que trabalha para o milionário Eudoro, arquiteta um mirabolante, audacioso, confuso e hilário plano. Todos se deixam envolver tendo de um lado os 'oprimidos' de todas as espécies e, de outro, os supostos opressores Euricao e Eudoro".
Estamos, evidentemente, diante de uma comédia, mas certamente impregnada de saborosas críticas a determinados valores, sobretudo os inerentes ao dinheiro - e aqui a questão é colocada de forma muito engraçada, pois Euricão enfiou dentro de um cofre, com formato de porca, tudo que ganhou na vida, ao mesmo tempo simulando ser muito pobre. No final, porém, é forçado a constatar a patética inutilidade de seu hábito...
Bem escrita, repleta de humor e contendo ótimos personagens, ainda assim acreditamos que "O santo e a porca" poderia ser uma peça ainda mais contundente se fosse um pouco mais curta, pois em sua metade há passagens que poderiam perfeitamente ser abreviadas ou simplesmente excluídas, já que só contribuem para ralentar a narrativa. E este problema torna-se evidente no espetáculo.
Este começa de forma esfusiante, alegre, com marcações muito criativas e divertidas. Mas quando atinge sua metade, dada a prolixidade do texto, o ritmo cai e, consequentemente, o interesse do espectador diminui. Mas não a ponto de lamentar ter comparecido ao Villa-Lobos, não só pelas razões já apontadas como também pelo ótimo desempenho do elenco.
Indicada ao Prêmio Shell de Melhor Atriz do ano passado, Gláucia Rodrigues constrói uma Caroba irrepreensível - maliciosa, debochada, astuta e extremamente sensual. Élcio Romar também exibe ótima performance na pele de Euricão, o mesmo aplicando-se a Duaia Assumpção, que valoriza ao máximo o relativamente curto papel de Benona. Os demais integrantes do elenco atuam com segurança e grande vitalidade. A direção de João Fonseca é segura e sem exageros, no ponto justo que o texto de Suassuna pede.
Na equipe técnica, o grande destaque vai para os divertidos e criativos figurinos de Ney Madeira, também indicado ao Shell de 2008. Nello Marrese assina uma cenografia totalmente adequada ao contexto, sendo corretas a música original e direção musical de Wagner Campos, e a iluminação de Rogéio Wiltgen.

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