quarta-feira, 15 de abril de 2009

Crítica - Clandestinos

Entramos no teatro Glória, os atores já estão em cena, mesmo antes da peça começar. O cenário que deixa as estruturas do teatro à mostra e explora diversos níveis do palco, é composto de muitos instrumentos musicais e uma parede imensa toda rabiscada. Este ambiente juvenil, com grafismos modernos, nos remete ao cheiro da urbanicidade, o local da fama, do caldeirão cultural, do movimento, da oportunidade, do sonho, das tendências, mas também da solidão, da competição, da desigualdade, da diferença, da frustração, da espera, da espera, da espera...
Todos os atores representam personagens que vão à metrópole, no caso ao Rio de Janeiro, com a vontade se tornar ator/atriz. Eles cantam, dançam, fazem de tudo para conseguir chamar nossa atenção. Muitas piadas são baseadas no senso comum e alguns chavões se repetem. Apesar da previsibilidade dos personagens a atuação da maioria conseguia divertir e em alguns momentos éramos pegos de surpresa com um número musical bem articulado.
A proposta da peça para além da história me parece ser o ponto forte da discussão acerca de Clandestinos. A maneira como a realidade e a ficção se misturam causa em nós uma curiosidade, nos questionamos se de fato aquela é mesmo a história daqueles atores, ou então se seria mais um personagem em suas vidas. Ao nos acostumarmos com as estrelas de Hollywood e os famosos da televisão, que acabam fazendo o papel de si mesmos, nós também não conseguimos fugir dessa vontade de saber do universo íntimo do ator.
A peça de João Falcão não é das melhores tecnicamente, mas os atores se esforçam para cumprir um bom papel.
Acho que estão no caminho certo e com um pouco mais de experiência devem chegar lá.

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